3.1.09

Surrealismo

O início do século XX foi marcado por uma seqüência de fatos que nos levaria a uma mudança de paradigma absolutamente sensacional revolucionando toda a nossa percepção: o questionamento da lógica. A partir de então desafiada e, por vezes até recusada, como comandante absoluta, a lógica passa à coadjuvante na decodificação.
A razão simplesmente foi para o espaço e a realidade passa então a ser apenas referencial.
Talvez tenha sido a primeira oportunidade histórica que tivemos para realmente contemplar e, com isso, dar asas à imaginação.
Freud, com suas teorias relativas ao inconsciente e a sua conseqüente relação com os sonhos, abriu as portas para mundos até então desconhecidos e anti-racionais.
Em 1924, André Breton, escritor francês publicaria o primeiro “Manifesto do Surrealismo”, em cujo texto firmava o propósito de “resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma supra-realidade”.
Como resultado, estilo, forma e conteúdo são expressos de maneira nem sempre clara ao espectador.
Da tendência abstrata de Joan Miró e o automatismo de André Masson ao figurativo simbólico de Marc Chagall e Magritte, dos “romances-colagens” de Max Ernst às incríveis “viagens” de Dali, tudo, absolutamente tudo no surrealismo desconstrói. Nega a imposição em favor da liberdade.
Ironicamente, o movimente colapsa a partir da liderança autoritária de seu iniciador André Breton.
Hoje, a herança do surrealismo se converte na possibilidade de habitar mundos inimagináveis, que nos conduzem à introspecção investigativa de nossos próprios mundos espetacularmente assombrosos.

Déia Francischetti



UniCEUB em Revista – Ano V - 08 e 09/2004 – Nº 16
Arte e diagramação: alunos do curso de Comunicação Social do UniCEUB