3.1.09

Art Nouveau

Muito se discute sobre belas-artes e artes aplicadas, sempre no sentido de encontrar o real significado e a finalidade da arte. De tempos em tempos, com base em referenciais diversos, surgem categorias, rótulos para a expressão humana, subordinando-a às possibilidades “natas” do “dom”, do “talento” e da “criatividade”, dádivas concedidas, supostamente, a apenas alguns pobres mortais aos quais cabe o prêmio da imortalidade.
No século XVIII, tem início, na Inglaterra, a Revolução Industrial, que mudaria, definitivamente, a produção de bens de consumo e o olhar estético. Objetos industrializados careciam de design simplificado e adaptado às condições tecnológicas de então. À beira da vulgarização da estética, na última década do século XIX, surge novo movimento, totalmente dominado por formas curvilíneas, sinuosas e orgânicas, ou seja, formas que trouxessem ao ser humano a ilusão de uma realidade mais próxima a ele, distante do frio design industrial de então. O Art Nouveau, assim rotulado, transformava formas naturais em arquitetura, moda, mobília, objetos ornamentais, tecidos e forrações de superfícies, num dos momentos históricos em que é visível o casamento entre as belas-artes e as artes aplicadas.
Basicamente ornamental, o Art Nouveau enfatiza a fantasia emprestando à rudeza da óptica industrial um atributo essencial: a delicadeza. Desse movimento muito se valeram a ilustração e as artes gráficas, elevando, definitivamente, o cartaz e o pôster à categoria de “expressão artística”, inserindo-os, conforme alguns estudiosos, na disputadíssima lista do que consideram “belas-artes”.
Supostamente extinto já na Primeira Guerra Mundial, o Art Nouveau daria o ar da graça vinte anos mais tarde, recontextualizado no Art Déco. Seqüencialmente, nas décadas de 60, 70 e na atual, encontramos traços dessa manifestação quase como reação às trágicas variáveis históricas desses períodos, como guerras e atentados terroristas.
Entre estampas de tendência japonesa, jarras e luminárias de Tiffany e Gallé e objetos de vidro de Lalique entre outros, não há como deixar de lado a arquitetura de Gaudí e as pinturas de Gustav Klimt, como, por exemplo “O amor” (1895) ou “Ondinas” (1899), em que real e imaginário aguçam, simultaneamente, todos os nossos sentidos. Em “O beijo” (1907/08), ele conseguiu a proeza de imortalizar o real significado da palavra carinho.

Déia Francischetti


UniCEUB em Revista – Ano VI - 03/2005 – Nº 19
Arte e diagramação: alunos do curso de Comunicação Social do UniCEUB